lunes, 12 de septiembre de 2016

Risco, descobridor de Tagore


Em outubro de 1963 vinhemos a viver à cidade de Ourense desde a nossa aldeia de Corna para estudar magistério. Fazia uns meses que Vicente Risco falecera. Por isto, infelizmente, nom pudemos conhece-lo de maneira pessoal. E quánto nos gostaria te-lo conhecido! O pintor Pepe Conde Corbal, quando os do grupo Adepende organizamos a exposiçóm para salvar o Principal, foi o que mais nos ilustrou sobre a vida e obra risquiana. Logo também a estupenda biografia escrita por Carlos Casares.
Aproveitando que tal dia como hoje de 1861 nascia na cidade de Calcutá, no paço Thakurbari familiar, o nosso admirado Robindronath, queremos falar da importante relaçóm entre Risco e Tagore. Possívelmente o único galego que pudo olhar ao bengalí em vivo e em directo. Risco, que sabia inglês, e parece que também sánscrito, leu de forma casual, em 1912, o livro de Evelyn Underhill O Caminho Místico, onde se fala muito e bem de Tagore. Comentando este livro, Risco chegou a dizer: Pois um desses seres extraordinários é Rabindranath Tagore. Num livro inglés publicado o ano passado, e que teve um grande sucesso, The Mystic Way de Miss Underhill, sinala-se a Tagore como um grande poeta cuja arte exquisita e serea visóm do eterno, a través do temporal, fai-no aparecer como um génio extraordinário, uma estrela de primeira ordem no céu da arte. Pouco mais tarde Risco lê a primeira ediçóm da Oferenda lírica, A lua nova, O jardineiro e Sadhana. Estes quatro livros tagoreanos entusiasmaram a Risco. Tanto que Risco falava com os seus amigos de forma continuada e entusiasta
sobre Tagore, da sua maravilhosa obra e do seu excelente pensamento. Algúns amigos chegaram à dar-lhe a Risco o alcume de Tagore. E nom foram poucos os que pensaram, ao escoitá-lo, que ele era o mesmo Tagore. Em posteriores arti gos, Risco comenta este feito. No 1913 Robindronath receve o prémio Nóbel de literatura e o Ateneo de Madrid convida a Risco para que pronuncie sobre o escritor de Bengala uma conferência. Embora nom saivamos aínda hoje a data exacta na que foi pronunciada, temos cópia da mesma na nossa biblioteca. Foi publicada nos números 17 e 18 da revista La Palabra em 1913. Muito interessante e completa, com quase nenhum erro, é o primeiro estudo sério realizado no nosso país sobre Tagore. Nom temos nenhuma dúvida de que Risco foi o verdadeiro descobridor de Tagore em Espanha, o primeiro tagoreano e o primeiro que aquí falou sobre ele.

Risco que, como todos sabem, passou por muitas e variadas etapas na sua fructífera vida, escreveu continuadamente sobre Tagore, ao que muito admirava. Inclusivê quando a partires de 1930, ao conhecé-lo em pessoa, esvaeu-se bastante aquela admiraçóm que por ele sempre teve. Na sua época orientalista, representada pola sua revista neosófica La Centuria, publicada em Ourense nos anos 1917 e 1918, no número 5 da mesma fala muito bem da escola de Tagore em Santiniketon, onde desde 2001 nós passamos largas temporadas. Também comenta como os seus poemas, ao passá-los ao inglês, perdem a musicalidade presente nos originais bengalíes. No mesmo número, traducidos por Risco, publicam-se tres poemas tagoreanos. Mais tarde em A Nosa Terra e na estupenda revista Nós, publica, esta vez em galego, vários poemas e contos do vate bengalí. Até pouco antes de desaparecer, Risco publica em La Región, nas datas mais sinaladas, como o centenário e a morte de Tagore, artigos sobre a sua figura. Graças ao estupendo Caderno de Bitácora Madialevo do nosso filho David, mestre e jornalista, vimos de inteirar-nos que no diário viguês Galicia, o 11 de janeiro de 1925, em norma ortográfica reintegrada como a nossa, baixo o título de Cultura e Natura, publica Risco um interessante artigo sobre Tagore, reproduzido no blog antes mencionado.

Em 1930, com uma bolsa da Junta de Ampliaçóm de Estudos, Risco viaja a Alemanha. Em Berlín, na sala nobre do paço Kronprinz da Kaiser Friedrich Universität, Tagore pronúncia uma conferência. Risco, que se encontra na cidade alemana, vai escoitá-lo. Enquanto desenha uma caricatura do mestre bengalí. Na revista Nós e no livro Mitteleuropa comenta este feito. E fala negativamente da pose do escritor indiano, demasiado hierática. Foi aí onde perdeu aquela ilusóm que sempre teve por Tagore. O tema do relacionamento de Risco com Robindronath merece, polo seu interesse, um estudo muito mais amplo e profundo.

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