Em outubro de 1963 vinhemos a viver à cidade de Ourense desde a nossa aldeia de Corna para estudar magistério. Fazia uns meses que Vicente Risco falecera. Por isto, infelizmente, nom pudemos conhece-lo de maneira pessoal. E quánto nos gostaria te-lo conhecido! O pintor Pepe Conde Corbal, quando os do grupo ‘Adepende’ organizamos a exposiçóm para salvar o Principal, foi o que mais nos ilustrou sobre a vida e obra risquiana. Logo também a estupenda biografia escrita por Carlos Casares.
Aproveitando que tal dia como
hoje de 1861 nascia na cidade de Calcutá, no paço Thakurbari familiar, o nosso
admirado Robindronath, queremos falar da importante relaçóm entre Risco e
Tagore. Possívelmente o único galego que pudo olhar ao bengalí em vivo e em
directo. Risco, que sabia inglês, e parece que também sánscrito, leu de forma
casual, em 1912, o livro de Evelyn Underhill O Caminho Místico, onde se fala
muito e bem de Tagore. Comentando este livro, Risco chegou a dizer: ‘Pois um desses seres
extraordinários é Rabindranath Tagore. Num livro inglés publicado o ano
passado, e que teve um grande sucesso, The Mystic Way de Miss Underhill,
sinala-se a Tagore como um grande poeta cuja arte exquisita e serea visóm do
eterno, a través do temporal, fai-no aparecer como um génio extraordinário, uma
estrela de primeira ordem no céu da arte’.
Pouco mais tarde Risco lê a
primeira ediçóm da Oferenda lírica, A lua nova, O jardineiro e
Sadhana. Estes quatro livros tagoreanos entusiasmaram a Risco. Tanto que Risco
falava com os seus amigos de forma continuada e entusiasta
sobre Tagore, da sua maravilhosa obra e do seu excelente pensamento. Algúns amigos chegaram à dar-lhe a Risco o alcume de ‘Tagore’. E nom foram poucos os que pensaram, ao escoitá-lo, que ele era o mesmo Tagore. Em posteriores arti gos, Risco comenta este feito. No 1913 Robindronath receve o prémio Nóbel de literatura e o Ateneo de Madrid convida a Risco para que pronuncie sobre o escritor de Bengala uma conferência. Embora nom saivamos aínda hoje a data exacta na que foi pronunciada, temos cópia da mesma na nossa biblioteca. Foi publicada nos números 17 e 18 da revista La Palabra em 1913. Muito interessante e completa, com quase nenhum erro, é o primeiro estudo sério realizado no nosso país sobre Tagore. Nom temos nenhuma dúvida de que Risco foi o verdadeiro descobridor de Tagore em Espanha, o primeiro tagoreano e o primeiro que aquí falou sobre ele.
sobre Tagore, da sua maravilhosa obra e do seu excelente pensamento. Algúns amigos chegaram à dar-lhe a Risco o alcume de ‘Tagore’. E nom foram poucos os que pensaram, ao escoitá-lo, que ele era o mesmo Tagore. Em posteriores arti gos, Risco comenta este feito. No 1913 Robindronath receve o prémio Nóbel de literatura e o Ateneo de Madrid convida a Risco para que pronuncie sobre o escritor de Bengala uma conferência. Embora nom saivamos aínda hoje a data exacta na que foi pronunciada, temos cópia da mesma na nossa biblioteca. Foi publicada nos números 17 e 18 da revista La Palabra em 1913. Muito interessante e completa, com quase nenhum erro, é o primeiro estudo sério realizado no nosso país sobre Tagore. Nom temos nenhuma dúvida de que Risco foi o verdadeiro descobridor de Tagore em Espanha, o primeiro tagoreano e o primeiro que aquí falou sobre ele.
Risco que, como todos sabem,
passou por muitas e variadas etapas na sua fructífera vida, escreveu
continuadamente sobre Tagore, ao que muito admirava. Inclusivê quando a
partires de 1930, ao conhecé-lo em pessoa, esvaeu-se bastante aquela admiraçóm
que por ele sempre teve. Na sua época orientalista, representada pola sua
revista neosófica La Centuria, publicada em Ourense nos anos 1917 e 1918, no
número 5 da mesma fala muito bem da escola de Tagore em Santiniketon, onde
desde 2001 nós passamos largas temporadas. Também comenta como os seus poemas,
ao passá-los ao inglês, perdem a musicalidade presente nos originais bengalíes.
No mesmo número, traducidos por Risco, publicam-se tres poemas tagoreanos. Mais
tarde em A Nosa Terra e na estupenda revista Nós, publica, esta vez em galego,
vários poemas e contos do vate bengalí. Até pouco antes de desaparecer, Risco
publica em La Región, nas datas mais sinaladas, como o centenário e a morte de
Tagore, artigos sobre a sua figura. Graças ao estupendo Caderno de Bitácora ‘Madialevo’ do nosso filho David, mestre e jornalista, vimos de
inteirar-nos que no diário
viguês ‘Galicia’, o 11 de janeiro de 1925, em norma ortográfica reintegrada como a nossa,
baixo o título de ‘Cultura e Natura’, publica Risco um interessante
artigo sobre Tagore, reproduzido no blog antes mencionado.
Em 1930, com uma bolsa da Junta
de Ampliaçóm de Estudos, Risco viaja a Alemanha. Em Berlín, na sala nobre do
paço Kronprinz da Kaiser Friedrich Universität, Tagore pronúncia uma
conferência. Risco, que se encontra na cidade alemana, vai escoitá-lo. Enquanto
desenha uma caricatura do mestre bengalí. Na revista Nós e no livro
Mitteleuropa comenta este feito. E fala negativamente da pose do escritor
indiano, demasiado hierática. Foi aí onde perdeu aquela ilusóm que sempre teve
por Tagore. O tema do relacionamento de Risco com Robindronath merece, polo seu
interesse, um estudo muito mais amplo e profundo.
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