O dia 30 de abril de 1963 falecia Vicente Risco, um
dos maiores vultos que tuvemos os galegos, de verdadeira categoria intelectual.
Cúmprem-se por tanto os 47 anos da sua perda física, que nom espiritual. Cinco
meses depois eu vim estudar magistério a Ourense. Por isso, infelizmente, nom o
pudem conhecer pessoalmente. E quánto me gostaria te-lo conhecido! Risco foi,
desde o meu ponto de vista, fundamental para a cultura galega. A ele devemos-lhe
a publicaçom das revistas neosófica A Centúria e a Nós, aínda nom superada
hoje. Ele escreveu no ano 1920 o livro Teoria do nazonalismo galego. E
posteriormente variados e interessantes livros, estudos e romances. Foi
enormemente prolífico como articulista em infinidade de jornais e revistas.
Muitos dos seus artigos som verdadeiramente sublimes. Eu destaco especialmente
os recolhidos no seus livros Léria e As horas. Assim como o seu excelente
diário Mitteleuropa, que recolhe as lembranças das suas viagens por Europa e,
em concreto, por Alemanha. Neste livro, tambem publicado em capítulos na
revista Nós, fala de Robindronath Tagore, ao que admirava já desde 1912, quando
o escoitou na universidade de Berlím dando uma conferência em 1930. E, em quanto
o escoitava, realizou do seu rosto uma caricatura. Risco pudo ser, estou
seguro, o único galego que viu em pessoa a Tagore. Tambem foi o primeiro em
Espanha que falou do vate bengalí, pronunciando uma interessante charla no
Ateneo de Madrid em 1913, após a concessom do Nóbel de literatura ao escritor
indiano. No nosso La Región publicou periodicamente artigos sobre a figura de
Tagore, que muitos consideramos o “Leonardo da Vinci” do século vinte. Em A
Nossa Terra histórica publicou traducçoes de poemas e contos tagoreanos.
Admirava tanto ao indiano que os amigos chegaram a pôr-lhe a Risco o apodo de
Tagore, nos tempos dos seus estudos em Madrid.
Entre as muitas cousas positivas que levou Risco para
a frente, quero destacar em primeiro lugar o seu amor pola nossa cidade, o seu
labor cultural, as suas tertúlias, o apoio aos artistinhas e os seus formosos
estudos etnográficos e históricos, ademais do seu amor por Portugal e Irlanda.
Durante bastante tempo defendeu as teses reintegracionistas para a nossa língua
internacional e escreveu na mesma ortografia que eu utilizo nos meus artigos.
Que nos jungue ao espaço lusófono ao que filologicamente pertencemos. Polo seu
interesse pedagógico e educativo quero destacar tambem dous dos seus excelentes
trabalhos. Que ademais som muito formosos. Em 1957 publicou um estudo sobre a
Vida dos nenos na aldeia galega. No que se recolhem os brinquedos e os jogos
tradicionais das crianças galegas, com desenhos realizados por ele mesmo. Já em
1921, nos números 6 e 7 da revista Nós, publica um interessantíssimo estudo com
o título de “Plano Pedagógico para a galeguizaçom das escolas”. Este projecto,
que mesmo valeria para hoje, adaptando-o aos nossos tempos, estrutúra-se em
sete apartados : o edifício escolar, a escola por dentro, a vida na escola, o
escolante ou mestre, os métodos de ensino, o galego na escola e o ensino das
cousas da Terra. O plano nom tem desperdício e por vezes emocióna-nos. Como
quando diz : “O ideal seria que o ensino se dera na língua galega” ou “Polo
desprezo da língua princípia o desprezo pola Nossa Terra e o desapego a ela”.
Sim, meus queridos amigos, isto o dizia Risco nada
mais e nada menos que em 1921. E já choveu, sendo um tema de tanta actualidade
agora mesmo. Que nom se vai resolver com decretos de um ou outro signo. E sim
com sentido comum, cordura, estratégias positivas e constructivas e sem
imposiçoes políticas ou sindicais. Faz pouco o meu ex-aluno José Fernández,
agora inspector de ensino, leu a sua tese de doutoramento no nosso campus sobre
Don Vicente Risco como educador. Aconselhamos a publicaçom da mesma. Por
tratar-se de uma personalidade tam importante para todos nós como foi Risco.
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