domingo, 11 de septiembre de 2016

Lembrando a Vicente Risco



O dia 30 de abril de 1963 falecia Vicente Risco, um dos maiores vultos que tuvemos os galegos, de verdadeira categoria intelectual. Cúmprem-se por tanto os 47 anos da sua perda física, que nom espiritual. Cinco meses depois eu vim estudar magistério a Ourense. Por isso, infelizmente, nom o pudem conhecer pessoalmente. E quánto me gostaria te-lo conhecido! Risco foi, desde o meu ponto de vista, fundamental para a cultura galega. A ele devemos-lhe a publicaçom das revistas neosófica A Centúria e a Nós, aínda nom superada hoje. Ele escreveu no ano 1920 o livro Teoria do nazonalismo galego. E posteriormente variados e interessantes livros, estudos e romances. Foi enormemente prolífico como articulista em infinidade de jornais e revistas. Muitos dos seus artigos som verdadeiramente sublimes. Eu destaco especialmente os recolhidos no seus livros Léria e As horas. Assim como o seu excelente diário Mitteleuropa, que recolhe as lembranças das suas viagens por Europa e, em concreto, por Alemanha. Neste livro, tambem publicado em capítulos na revista Nós, fala de Robindronath Tagore, ao que admirava já desde 1912, quando o escoitou na universidade de Berlím dando uma conferência em 1930. E, em quanto o escoitava, realizou do seu rosto uma caricatura. Risco pudo ser, estou seguro, o único galego que viu em pessoa a Tagore. Tambem foi o primeiro em Espanha que falou do vate bengalí, pronunciando uma interessante charla no Ateneo de Madrid em 1913, após a concessom do Nóbel de literatura ao escritor indiano. No nosso La Región publicou periodicamente artigos sobre a figura de Tagore, que muitos consideramos o “Leonardo da Vinci” do século vinte. Em A Nossa Terra histórica publicou traducçoes de poemas e contos tagoreanos. Admirava tanto ao indiano que os amigos chegaram a pôr-lhe a Risco o apodo de Tagore, nos tempos dos seus estudos em Madrid.

Entre as muitas cousas positivas que levou Risco para a frente, quero destacar em primeiro lugar o seu amor pola nossa cidade, o seu labor cultural, as suas tertúlias, o apoio aos artistinhas e os seus formosos estudos etnográficos e históricos, ademais do seu amor por Portugal e Irlanda. Durante bastante tempo defendeu as teses reintegracionistas para a nossa língua internacional e escreveu na mesma ortografia que eu utilizo nos meus artigos. Que nos jungue ao espaço lusófono ao que filologicamente pertencemos. Polo seu interesse pedagógico e educativo quero destacar tambem dous dos seus excelentes trabalhos. Que ademais som muito formosos. Em 1957 publicou um estudo sobre a Vida dos nenos na aldeia galega. No que se recolhem os brinquedos e os jogos tradicionais das crianças galegas, com desenhos realizados por ele mesmo. Já em 1921, nos números 6 e 7 da revista Nós, publica um interessantíssimo estudo com o título de “Plano Pedagógico para a galeguizaçom das escolas”. Este projecto, que mesmo valeria para hoje, adaptando-o aos nossos tempos, estrutúra-se em sete apartados : o edifício escolar, a escola por dentro, a vida na escola, o escolante ou mestre, os métodos de ensino, o galego na escola e o ensino das cousas da Terra. O plano nom tem desperdício e por vezes emocióna-nos. Como quando diz : “O ideal seria que o ensino se dera na língua galega” ou “Polo desprezo da língua princípia o desprezo pola Nossa Terra e o desapego a ela”. 

Sim, meus queridos amigos, isto o dizia Risco nada mais e nada menos que em 1921. E já choveu, sendo um tema de tanta actualidade agora mesmo. Que nom se vai resolver com decretos de um ou outro signo. E sim com sentido comum, cordura, estratégias positivas e constructivas e sem imposiçoes políticas ou sindicais. Faz pouco o meu ex-aluno José Fernández, agora inspector de ensino, leu a sua tese de doutoramento no nosso campus sobre Don Vicente Risco como educador. Aconselhamos a publicaçom da mesma. Por tratar-se de uma personalidade tam importante para todos nós como foi Risco.




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