Quando o 23 de abril se comemora
no nosso país o Dia do Livro, e em essa comunidade modélica que é Catalunha é
uma jornada muito importante, sempre nos lembramos de porque desde crianças
colhimos tanta paixom polos livros e a sua leitura. Que levou a que fóssemos
configurando durante muitos anos da nossa vida uma grande biblioteca
particular, que nos gostaria muito ver algum dia colocada na nossa cidade para
disfrute dos cidadaos de Ourense. O que nom deixa de ser uma falsa ilusom,
vista a nula resposta dos que podiam ajudar neste tema. Cinco som os ámbitos
nos que destaca especialmente a nossa biblioteca. Em primeiro lugar as
publicaçoes sobre a nossa cidade e sobre os seus muitos aspectos, artísticos,
históricos, naturais, etnográficos, monumentais e humanos, com muitos livros
sobre os nossos vultos mais importantes. Em segundo lugar, livros sobre
educaçom e pedagogia, que é a nossa especialidade e profissom, durante os
últimos quarenta anos. Neste campo temos verdadeiras jóias, como as colecçoes
completas da editorial argentina Kapelusz, que nem tem na sua totalidade a
biblioteca nacional de Bos Ares. Em terceiro lugar, as publicaçoes de cultura
lusófona, galega, portuguesa e brasileira e mesmo de Goa, com colecçoes
completas de revistas como ‘Nós’ e ‘A Nosa
Terra’ e outras facsimilares.
Em quarto lugar, a secçom de
cinema. Sem temor a equivocar-nos, a nossa biblioteca cinematográfica pode considerar-se como a
melhor que existe na Galiza. Na mesma figuram colecçoes completas de livros e
revistas galegas, espanholas, catalanas, francesas, italianas, alemanas,
inglesas, cubanas e doutras nacionalidades. Tambem numerosos vídeos e DVDs de
cinema clássico e de todos os directores e países. Por último, e em quinto
lugar, está a nossa extraordinária biblioteca dedicada a Tagore, com livros de
ele e sobre ele em todos os idiomas do mundo, incluído o esperanto. Se ninguêm
lhe pom remédio, e parece que esse é o seu destino final, esta biblioteca,
dentro dos dous próximos anos, terminará por ir-se para o complexo educativo
tagoreano de Santiniketon na Bengala indiana. Embora quem suscreve gostaria
mais de que ficasse na nossa cidade. Junto com as de Blanco Amor, Vilanova e
Ben-Cho-Shey, num edifício digno de Ourense.
Mas, cómo chegamos a adquirir
este nosso amor polos livros? Essencialmente três foram as causas que
originaram o nosso aprécio pola leitura. O ter nascido na própria escola da
nossa aldeia de Corna. Com três e quatro anos, a mestra, natural de
Porto-de-Souto, Mª Consuelo Dolores Nóvoa Portugal, bondadosa, alegre e
carinhosa, leváva-nos à sua aula. Por isto aos quatro anos já liamos e
escreviamos. E a nossa posterior mestra de primária, Carmen Barbosa, que já
muito maior mora em Ourense, desenvolvia todos os dias actividades leitoras,
deixándo-nos escolher a nós os livros da biblioteca da aula, formosos e
variados, de histórias, contos, fábulas, lendas e poesias. Em segundo lugar, o
nosso pai Juan, que sem pre nos regalava livros que nos trazia de Lalim,
Carvalhinho e Ourense, quando ia às feiras destes lugares. A nossa mai Rosa,
pola sua parte, contáva-nos ao lado da máquina de coser, formosos contos e
recitáva-nos ditos populares e poemas. Em terceiro lugar, a nossa esposa Ana, extraordinária
professora de língua e literatura castelhana no Instituto de O Couto. Grande
amante da leitura, tem lido infinidade de livros e teve o detalhe de
regalar-nos no ano 1964, sendo aínda noivos, os livros primeiros de Tagore.
Tambem obras de Juan Ramón Jiménez, Machado, Gabriela Mistral, Neruda, Lorca,
Saroyan, Galeano, Lajos Zilahy, Steinbeck, Pearl S. Buck e o finés Sillanpäa.
Porque a nós muito nos gostaram
no seu dia, e aínda hoje, recomendámos-lhes leiam as obras dos autores antes
citados e de Tagore as novelas ‘Gora’ e ‘O Naufrágio’ e os seus contos. Ademais do
livro de poemas ‘O Jardineiro’ e o de aforismos ‘Pássaros perdidos’.
Entre os galegos ‘A Esmorga’ e ‘La catedral y el niño’ de Blanco Amor, ‘Memórias dum neno labrego’
de Neira Vilas, ‘Sempre em
Galiza’ de Castelao, ‘Vida, paixom e morte de Alexandre
Bóveda! e os poemas de Celso
Emílio e Manuel Maria. Dos
modernos recomendamos a Manuel Rivas, Guisam e Caneiro. Entre os lusófonos a Torga, Pessoa, Eça, Jorge
Amado, Graciliano Ramos, Guimaraes Rosa, Drummond de Andrade e Cecília
Meireles.
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