lunes, 9 de marzo de 2020

“A enxovia de Romasanta” de Antonio Sá Gué.


Escrito en portugués, sitúa a Romasanta na “enxovia” (o calabozo) do cárcere de Allariz onde reflexiona sobre a súa vida e os seus crimes.


“Ao canto norte, daquele espaço lúgubre, era a nascente de uma fundagem que escorria a céu aberto, um esgoto cravado no granito, escoadouro de uma escorralha fétida, de um liquido negro, podre, que infetava todos os poros. Nem a correnteza do ar álgido que entrava pela janela exterior era purificadora. Antes pelo contrário, os odores fétidos que daí se evolavam eram acentuados pelo ar húmido daquele dia de Inverno.

 Alí estava ele, o monstro, o lobo de Allariz, cabisbaixo, acantoado nos calabouços da prisão, rodeado de uma mole de gente andrajosa, cabelos e barbas degrenhadas, indigentes envoltos numa algazarra constante que ia e vinha na acanhada sala de despejos, uma verdadeira cloaca social, onde não existem conceitos de “público” e “privado” onde não havia esconderijos de qualquer espécie, nem mesmo para os pensamentos.”

Antonio Sá Gué . “A enxovia de Romasanta”en Contos do Sacaúntos. Romasanta, o reo.
Dr. Alveiros / Urco editora. 2017. páx.109



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