Escrito en portugués, sitúa a Romasanta na “enxovia” (o calabozo) do
cárcere de Allariz onde reflexiona sobre a súa vida e os seus crimes.
“Ao canto norte, daquele espaço
lúgubre, era a nascente de uma fundagem que escorria a céu aberto, um esgoto
cravado no granito, escoadouro de uma escorralha fétida, de um liquido negro,
podre, que infetava todos os poros. Nem a correnteza do ar álgido que entrava
pela janela exterior era purificadora. Antes pelo contrário, os odores
fétidos que daí se evolavam eram acentuados pelo ar húmido daquele dia de
Inverno.
Alí estava ele, o monstro, o lobo de
Allariz, cabisbaixo, acantoado nos calabouços da prisão, rodeado de uma mole
de gente andrajosa, cabelos e barbas degrenhadas, indigentes envoltos numa
algazarra constante que ia e vinha na acanhada sala de despejos, uma
verdadeira cloaca social, onde não existem conceitos de “público” e “privado”
onde não havia esconderijos de qualquer espécie, nem mesmo para os pensamentos.”
Antonio Sá Gué . “A enxovia de Romasanta”en Contos
do Sacaúntos. Romasanta, o reo.
Dr. Alveiros / Urco editora. 2017. páx.109
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