“Não percebeu se era uma pergunta se uma afirmaçao e, por isso, não
respondeu, manteve-se imóvel dentro do seu círculo mágico. Desenhou apenas um
pequeno arquejar nas sobrancelhas e voltou a concentrar-se no seu mundo. Um
mundo cheio de sonhos, um mundo repleto de grandes vórtices, circulares e
concêntricos, cheio de gente que o vigiava e que o apontava. Um inferno sexual
comprimido que fez Freud remexer-se na tumba e concluir que Dante não conseguiu
criar pior! Talvez a tivesse confundido com mais uma das vozes que nele
habitam, que vivem confundidas com outras vozes do mundo exterior. Talvez as
vozes interiores e externas sejam inseparáveis. Talvez a morte para ele tenha
outro significado. Talvez... As vozes, as vozes, sempre as vozes do seu mundo,
as vozes dos pássaros, as vozes do seu inferno... talvez tivesse sido uma das
vozes inscritas nas linhas da palma da mão, pensa.”
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